Gostei da frase: “O fim do coronelismo” e não gostei da frase. “Se o PT continuar ganhando chegaremos a ter uma Venezuela”. Ambas são afirmativas radicais com uma grande diferença. A primeira traz esperança; a segunda denota sentimentos negativos de despeito, arrogância e discriminação. Esta proferida pelo ilustre sociólogo, ex-presidente da República do Brasil. Essa sim é uma idéia que traduz uma ideologia que contamina o céu brasileiro com as nuvens negras do autoritarismo disfarçado, fato que jamais acontecerá novamente, pois o povo brasileiro é feito de cores, alegria e trabalho. Vejam vocês, mais uma vez o conceito universal – perfeito somente Deus.
Ouvi de uma professora: “Eu não vou votar naquela guerrilheira...” Quem passou pelas torturas de uma ditadura e no dia 01 de outubro de 2010 foi eleita a primeira presidenta do Brasil, significa que o povo brasileiro se identifica com líderes que já passaram pelo heróico sofrimento e a heróica coragem de lutar pelos menos favorecidos.
No mapa político apresentado pelas emissoras de TV, após eleições, vê-se claramente os Estados onde Dilma foi a vencedora e onde seu adversário político conseguiu a maioria. É mais uma prova de que o coronelismo no Brasil está declinando.
A região centro-oeste reúne os maiores fazendeiros do Brasil, e dois fatores significantes acontecem- Primeiro a destruição da floresta para a formação de pastos e para a plantação de soja pelos grandes exportadores desses dois produtos. É bom e é mau. Bom porque o Brasil exporta; mau porque o custo- natureza é devastador, e no caso do gado o solo pisoteado, é irrecuperável.
Outro fator, quem custeia as campanhas eleitorais são ricos empresários e ricos fazendeiros cuja recompensa formam bancadas no Congresso Nacional e no Senado que lutam pelos interesses de seus “patrões” financeiros, ou seja os coronéis de hoje.
A grande vitória de Dilma foi esta: ela foi eleita pelo povo livre, pelo povo que não tem cabresto, livre por líderes como Lula e Dilma que sofreram e lutam por uma causa justa e libertária, para que esse mesmo povo se liberte das prisões da miséria, do analfabetismo e tenham vez e voz a fim de escolherem àqueles que são capazes de “ensina-los a pescar”, ter mesa farta e educar seus filhos em escolas de qualidade, pois sabemos que a educação é um dos pilares do desenvolvimento econômico e sustentável.
Trabalhar bem alimentado dá força ao corpo e revigora a alma, fortalecendo a autoestima e assim cada brasileiro ou brasileira sentirá o seu valor e saberá que está contribuindo para um Brasil melhor e maior no conceito das Nações e nas estatísticas mundial.
O mal existe, pois quem acredita em Deus acredita no diabo. Vagabundos, drogados, crianças abandonadas e prostituídas são frutos de uma sociedade podre e corrupta, mas infelizmente mundo é mundo. Cabe aos bons lutarem com sabedoria, autoridade e competência para colherem o trigo e desprezarem o joio que será julgado pela justiça humana e divina. Continuarão a lambuzar suas drogas com o óleo da ambição sem freio e sem escrúpulos.
Não gosto de partidarismo, mas ele se fez necessário no mundo da política. Os partidos deveriam ser como uma escola. Em sala de aula o professor é a autoridade, é aquele que ensina, coordena, idealiza, cria e dá o toque pessoal em sua aula, para que haja a aprendizagem. O método escolhido é o caminho. Quando aparecem obstáculos que dificultam a aprendizagem de um só aluno ou aluna usa de sua sabedoria, competência, sensibilidade e põe em ação sua prática educativa.
O professor(a) sozinho(a) não poderá fazer a escola funcionar com perfeição- coordenadores, psicólogos, diretores, apoio são também peças importantes no tabuleiro, porém se não houver harmonia no conjunto, as metas não serão alcançadas. Cada partido político depende de seus líderes, seus filiados e sua ideologia. Todos são responsáveis. Para mim, na escola o mestre(a) é também o maestro, a maestrina aquele(a) que com a batuta e o diapasão consegue o tom certo e a harmonia da orquestra. Os outros são os instrumentos de que precisam para que a comunidade escolar ou social seja a grande vitoriosa.
Precisamos ser conscientes de que somos um ser social e político. Não podemos viver isolados nos nossos castelos ou em nossas cabanas, não somos eremitas, vivemos em comunidade. Nosso relacionamento com o outro indivíduo ou com o outro grupo tem importância política e somos responsáveis pelo desenvolvimento da comunidade a qual pertencemos. O individualismo leva à diáspara, que é a dispersão o “cada um por sim”, o caos. Precisamos aprender e temos a obrigação e o direito de escolher um bom mestre.
Sibá Torres (71 anos)
Professora em Letras- UFPA
Bragança - Pará
Ela vem aí e mata
No estado do Pará, ações pela cidadania e contra a Dengue estão caminhando com passos de Tartaruga. Ações solitárias e solidárias em favor do povo paraense atendem a grupos isolados, mas perdem-se no interior das capitais e das cidades. A indolência, o descaso, a incompetência e a irresponsabilidade geram a morte. A vontade política “dorme em berço esplêndido”. Lindas palavras de nosso Hino Naciona, porém o verbo dormir que pode significar o descanso do trabalhador, ironicamente serve também para evidenciar a falta de políticas públicas, que gerem transformações, incluindo a conscientização das populações, que pode ter também a parceria da comunidade escolar.
Quando mais jovem participei de um Congresso de professores aqui em Bragança e ouvindo um historiador, contestei sua afirmação, quando dizia que: pelo fato de o Brasil ser colonizado por portugueses degredados seriamos culturalmente um povo acomodado e com tendência à corrupção. Será isso possível? O quê confirmaria a afirmativa do tal professor? A genética? A cultura? A tradição? Gerações mais gerações se passaram e nada foi renovado em nossas mentalidades?
É certo que a economia colonial brasileira foi escravocrata. Os coronéis dominavam a política. Italianos fugindo do após segunda guerra mundial trabalharam nos cafezais do sul do país. Japoneses espalharam-se por “esse berço esplêndido”. Jesuítas ensinaram aos índios que existia um Deus único; ensinaram a gramática em tupi e português, promoveram a aculturação, que é a mistura de culturas, de mentalidades, de conceitos, de crenças, de conhecimentos. Muitas perguntas e poucas respostas.
Meu pai Osvaldo Torres, mais conhecido como Vavá Torres, já falecido gostava muito de ler. No pátio de nossa casa conversávamos todas as tardes depois que ele voltava do trabalho. Ao balanço das cadeiras de palhinha ele contava-me fatos da história de Bragança; do seu passado quando jovem, de acontecimentos políticos do Pará e do Brasil.
Naquela época, eu com meus 14 anos, ele um homem honesto que conquistou a prosperidade com muito trabalho e honestidade. Valores que passou para nós seus filhos. Já refletia e comentava sobre a incompetência dos gestores públicos e a passividade do povo diante de fatos políticos, econômicos e sociais. Ele e seus amigos – Emílio Dias Ramos (Zebu), Simpliciano Medeiros, Waldemar Soares, Luis Amaral reuniam-se aos pés do Obelisco em frente a Igreja Matriz. Conversavam sobre política, economia, projetos sociais – derrubavam políticos, construíam estradas, pontes, escolas, hospitais e transformavam Bragança na mais bela e hospitaleira cidade do Brasil. O grupo auto-intitulava-se de “Senadinho”, e legislavam em favor do povo.
O “Senadinho” não existia mais. Os grupos sociais em Bragança dividiram-se segundo seus interesses sociais, políticos e profissionais, e na minha opinião a política bragantina não encontrou até os nossos dias um líder democrático, fiel e competente (Alguns no passado longínguo se destacaram, mas não conheço suas histórias).
A voz dos antigos declarava que em Bragança “enterraram uma cabeça de burro”. Será?
Sibá Torres (71 anos)
Professora em Letras - UFPA