Há 47 anos atrás, no governo do extinto presidente João Goulart, rebentava iniciando por Minas Gerais e depois pelo Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro a revolução militar de 1964, integrada pelo Exército, Marinha e Aeronáutica, então com apoio da sociedade civil que rejeitava o sistema comunista. Segundo a verdadeira história, não a versão dos esquerdistas, alguns ex-guerrilheiros integrados ao poder dominante, tachado de Golpe de Estado, ou período da Ditadura Militar. A intenção do presidente Goulart era fazer do Brasil uma república sindicalista, ligada ao comunismo de Moscou, Chinês, nos modelos de Cuba e Coréia do Norte.
Na MB, onde o articulista servia na época, o rastilho de inconformismo da oficialidade foi a revolta dos marinheiros, que saíram em passeata pelas ruas do Rio, numa demonstração de indisciplina e anarquia, diz-se, liderados pelo então cabo Anselmo. Antes já havia um movimento dos sargentos, na aeronáutica, todos apoiados pelo Presidente Goulart, para inconformismo da oficialidade das forças, que não aceitavam ser desmoralizadas pela indisciplina dos subalternos. Após a fuga de Goulart para o Paraguai, os militares líderes elegeram o marechal Humberto Castelo Branco para a presidência da república.
Na marinha, após a revolução, com a conseqüente expulsão dos rebelados, a situação social dos subalternos mudou completamente, com a fundação das Casas de Marinheiros em todos os distritos navais, a remuneração melhorou substancialmente, foi permitida e incentivada a evolução educativa das praças, sendo criada a Escola de Formação de Sargentos. Antes, o rigor militar da época dificultava que praças chegassem a faculdade, na cabeça de alguns oficiais o praça tinha que dedicar-se exclusivamente a Marinha, o tratamento superior subalterno era rigoroso, a oficialidade jovem, principalmente “caçava” as praças, como se marginais, as punições rigorosas e até arbitrárias., quando sabiam que algum cabo ou marinheiro cursava a faculdade logo arranjavam sua transferência ou embarque, com vistas a impedi-lo de fazer curso superior. Após a conclusão pelo alto comando de que a situação social teria que mudar houve inclusive acesso de praças ao oficialato, no quadro de oficiais auxiliares, a relação caserna oficiais-praças evoluiu substancialmente.
Naquele tempo, nas unidades foi criada a figura do informante informal, ou delator de colegas, alguns destes tinham regalias, na maioria eram elementos tecnicamente-eticamente inferiores, que, para gozarem de privilégio tentavam demonstrar fidelidade aos oficiais, à sua maneira, com essa prática havia muita injustiça, o RDM era cumprido com severidade e arbitrariedade, os direitos humanos eram letra morta, através de punições e pressões psicológicas sem termos a quem apelar, sequer a justiça comum, que não poderia interferir nos quartéis.
O movimento militar, chamado pelos lideres de “Revolução de 1964” durou até o governo do presidente Figueiredo, que promoveu a abertura política, iniciativa paralela a manifestação da sociedade civil, com lideranças de democratas como Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, além de outras lideranças nacionais, pois o movimento que no inicio tentava livrar o Brasil de uma ditadura comunista, com as guerrilhas, sabotagens por parte de grupos subversivos, radicalizou, com vários Atos Institucionais, o congresso ficou refém do presidente da república, que teve poder para cassar vários parlamentares confrontadores do poder. .
O Movimento de 1964 visou sobretudo extirpar da vida pública os corruptos, políticos envolvidos em ladroagem, outros agentes, não só os subversivos de então, além do perigo comunista chegar ao Brasil. A faxina ética começou nas próprias FA, o vimos na Marinha, com as comissões de investigação sumárias excluindo inclusive militares envolvidos em “maracutaias”.
Passado todo esse tempo, com a volta da democracia plena ao país em l985, o maior beneficio é a liberdade de expressão, mesmo ameaçada pelo poder atual. O país não conseguiu, contudo, reverter os níveis de corrupção, os desvios de dinheiro público extrapolaram, algumas figuras carimbadas, Maluf, Sarney, Renan Calheiros, Color de Melo, os “Mensaleiros”do PT, e aqui no Pará o líder do PMDB, liberados pelo corporativismo, a justiça que não julga, a auto-concedida imunidade política, continuam mandando no cenário político, com grande influência nas decisões governamentais.
No Brasil não temos terremotos, nem tisunamis, mas o que é roubado pela corrupção dos políticos, cerca de 40% da educação e saúde, outras rubricas, sem que haja remédio para extirpar esse câncer ético de nossa cultura politiqueira, equivale por todo o prejuízo sofrido pelo Japão, anualmente. Falta melhor investimento na saúde e educação, para que cheguemos ao patamar de desenvolvimento dos Tigres Asiáticos, como a Coréia do Sul, porém os privilégios dos milhares de reais direcionados as casas congressuais, Câmara, Senado, Assembléias legislativas, onde despontam cotidianamente grandes escândalos como o caso recente Assembléia Legislativa do Pará, parece sem solução. Saímos de uma revolução, ou ditadura militar, como dizem os esquerdistas, porém caímos na pior “esparrela”, - a democracia de conveniência das atuais elites políticas, privilegiadas, inalcançáveis pela justiça. Além de sermos obrigados por leis feitas por eles em votar, ainda temos que com nossos cerca de 37% de impostos bancar as suas campanhas políticas, remunerações de seus serviçais assessores políticos, tudo através de benesses remuneratórias legalizadas por eles.
Assim, o que sobra para o povo brasileiro, aqueles que não tem alternativas de informação, consciência da situação, qualidade de vida? A esmola do bolsa-família, taxado de distribuição de renda? Mas esse pessoal é importante na blindagem em popularidade para os governos atuais, nestes últimos governos, paralelo aos “midiáticos benefícios sociais”, os escândalos da corrupção sacudiram o país de ponta a ponta.
Não fazemos apologia do autoritarismo, nem saudosismo do Movimento de 1964, a liberdade é o bem supremo de todos que tem consciência critica, podemos expressar-nos abertamente, mas o que resta aos brasileiros em esperanças, quando temos uma decisão como essa, do STF, adiando a exclusão dos fichas sujas do cenário político administrativo do país? As forças armadas lideram as pesquisas de opinião em credibilidade junto a sociedade, porém “demoniadas” indiretamente pelo discurso da “ditadura”, grandes líderes milicos foram excluídas da cena político-administrativa do pais.
O Movimento de 1964, ou, como discursam os privilegiados hospedeiros do poder dominante - A “Ditadura”, afinal, visou impedir que o comunismo, que foi extinto da grande maioria dos paises europeus, aqui nas Américas à exceção de Cuba, dominasse o Brasil, além de excluir os corruptos e ladrões da vida pública, não teve efeito. O modelo democrático de nossos políticos os retornou a cena, e a cultura da ladroagem, da mentira, do mal caráter generaliza-se no meio dos políticos contaminando a sociedade submissa de favores, com saudáveis, embora mínimas exceções.
A esperança é a última que morre! Que um tsunami divino os castiguem à posteridade, que a mesma fleuma de consciência e liberdade que estende-se atualmente por paises do oriente médio, depondo os ditadores, desperte os brasileiros em prol dessa luta que é de todos aqueles que conscientes não aceitam esse modelo democrático, mais da conveniência de corruptos que se beneficiam da alienação da maioria do povo com exceções.
João Santa Brígida Filho
Diretor-Editor da Tribuna do Caeté