Ainda na faculdade, e isso já faz algum tempo, tomei conhecimento por intermédio de uma professora, de Língua Portuguesa (ou era de Teoria do Discurso?, não vem ao caso), dos Marcadores Conversacionais. Comentou assim de “en passant” e muito superficialmente, citando alguns exemplos em voga, lembro-me bem, o suficiente para que eu nunca mais me esquecesse do assunto.
Explica-se: os Marcadores Conversacionais são aquelas palavrinhas, expressões, e frases chatinhas e repetitivas muitas vezes, porque não dizer, que a gente escuta a toda hora por aí, na linguagem informal, sobretudo e principalmente no discurso oral dialogado, e que estão impregnados na comunicação dos jovens e adolescentes.
O tema me ocorre agora a despeito de uma dessas tais palavrinhas, não menos chatinhas, que tenho ouvido muito amiúde e aonde quer que eu vá: nas ruas, escolas, bares, até mesmo no meio acadêmico e que já se tornou meio que uma mania regional. Refiro-me ao nosso marcador mais famoso, o sempre onipresente” pior”. Quer ver um exemplo: alguém diz o Brasil é o país da corrupção e outro interlocutor não mais que de repente: pior!
Os Marcadores Conversacionais ou Marcadores Linguísticos, como preferem alguns, são fenômenos que ocorrem na língua, precisamente no plano da oralidade, determinados pela situação cara a cara dos interlocutores e que são objetos de estudo da lingüística, a ciência da linguagem.
A lingüística (a título de entendimento) se distingue da gramática normativa (a que estudamos na escola) porque não tem como esta o objetivo de prescrever normas ou ditar regras para o bom uso ou funcionamento da língua. Tudo o que faz parte da língua interessa e é matéria de reflexão da lingüística.
Notamos os marcadores no princípio do discurso (e aí?, bem!, ), no meio (hum!, daí, sabe!), no fim (não é?, entende?) e outros que podem está tanto no inicio como no final, caso do” fala sério!”, “ninguém merece”! ; ainda podem ser verbais, prosódicos e orais, e são de vários tipos; marcadores de busca de apoio ( sabe, né?), de retificação (assim, quer dizer), de hesitação ( ah!, eh! ), de atenuação de conversa ( tipo assim, fala sério!, sei lá) e muitos outros.
Embora tenha o seu valor, segundo os especialistas os marcadores de conversa, não contribuem efetivamente para o desenvolvimento do texto, por outro lado eles são de grande importância, pois “tipo assim”, (só para usar um marcador), ajudam a construir e dar coesão e coerência ao texto oral.
Algumas vez supérfluos, é bem verdade, e complicadores em alguns contextos, os Marcadores de Conversa funcionam quase sempre como articuladores ou determinando (marcando) as expressões de interação entre os interlocutores.
Chatos, descartáveis ou complicadores, a verdade é que não há como negar os Marcadores de Conversa na linguagem cotidiana. Eles estão por toda parte. Vivem na boca do povo. Este que melhor e mais gostoso fala o português do Brasil, como disse um autor do nosso tempo e são “faladíssimos”.